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EM CARTA VENCEDORES DO PRÊMIO NOBEL MOSTRAM PREOCUPAÇÃO COM A CIÊNCIA BRASILEIRA.
REITOR NAOMAR DE ALMEIDA FILHO DA UFSB SOLICITA EXONERAÇÃO DO CARGO.
COMISSÃO DA MEMÓRIA E DA VERDADE ENTREGA RELATÓRIO FINAL
EM REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DE MCTIC, A SBPC, ABC, CONFAP, CONSECTI E ANDIFES PROTESTARAM CONTRA OS CORTES DE RECURSOS PARA C&T E REITERARAM A SOLICITAÇÃO PARA UMA REUNIÃO URGENTE DO CONSELHO NACIONAL DE CT.
SEMANA MUNDIAL DO ESPAÇO
Blog do Espaço Ciência
EDITAL DE SELEÇÃO REGULAR 2018.1 PARA BIOMETRIA E ESTATÍSTICA APLICADA DA UFRPE
SET, 26. 2017
ENGENHEIROS DA CHESF NÃO ACEITAM VENDA DE USINAS PARA AJUDAR NO AJUSTE FISCAL DO GOVERNO TEMER
Blog do Jamildo, 28.09.2017
O DESMONTE DO ENSINO SUPERIOR E DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL
Isaac Roitman, Política Brasileira 02.10.2017
“CIÊNCIA É UM VALOR, ASSIM COMO SAÚDE E EDUCAÇÃO”
Kadu Cayres,
Edição: Raquel Aguiar
02.10.201 (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
NOTA DA ANDIFES ACERCA DA TRÁGICA MORTE DO REITOR DA UFSC
NOTA OFICIAL
PAÍSES POBRES PERDERÃO 10% DO PIB PER CAPITA COM A MUDANÇA CLIMÁTICA, DIZ FMI
Agência EFE/ABr, 28.09.2017
QUAL O EFEITO DE MAIS CO2 NA ATMOSFERA PARA A AMAZÔNIA?
Ambiente Brasil 29.09.2017
SEMINÁRIO REGIONAL DEBATEU SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS DOS PARQUES DE ENERGIA EÓLICA NO NORDESTE
Ecodebate, 27.09.2017
FERTILIZANTE INTELIGENTE ADUBA PLANTAS POR MESES
Site Inovação Tecnológica, 26.09.2017
DESCOBERTA DE PONTO FRACO DOS VÍRUS PODE VIABILIZAR VACINAS CONTRA DOENÇAS GLOBAIS
Diário da Saúde, 26.09.2017
EXPANSÃO DA ACELERAÇÃO DO UNIVERSO SOFRE NOVO REVÉS
Site Inovação Tecnológica, 29.09.2017
ELON MUSK SAYS HIS NEXT SPACESHIP WILL NOT ONLY TAKE YOU TO THE MOON AND MARS, BUT FROM NY TO LONDON IN 29 MINUTES
Christian Davenport*, The Washington Post, 29.09.2013
EM CARTA VENCEDORES DO PRÊMIO NOBEL MOSTRAM PREOCUPAÇÃO COM A CIÊNCIA BRASILEIRA.
September, 29th, 2017
Dr. Michel Miguel Elias Temer Lulia
Presidência da República
Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto, 3o Andar 70.150-900 Brasília/DF
Your Excellency, President Michel Temer,
We, the undersigned Nobel Laureates, are writing to express our strong concern about the situation of Science and Technology in Brazil. The budget for research of the Ministry of Science, Technology, Innovations, and Communications had a cut of 44% in 2017, and a new cut of 15.5% is expected for 2018. This will damage the country for many years, with the dismantling of internationally renowned research groups and a brain drain affecting the best young scientists.
While in other countries the economic crisis has led sometimes to budget cuts for science of the order of 5-10%, a cut at the level of more than 50% is impossible to accommodate, and will seriously jeopardize the future of the country.
We know that the economic situation in Brazil is very difficult, but we urge you to reconsider your decision before it is too late.
Yours sincerely,
Claude Cohen-Tannoudji and 22 co-signing Nobel Laureates
1997 Nobel Laureate of Physics
Laboratoire LKB-ENS
24 Rue Lhomond-Paris 05
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LIST OF THE LAUREATES WHO HAVE SIGNED THIS LETTER
MEDICINE-PHYSIOLOGY
Professor Harold Varmus, 1989 Nobel Laureate Meyer Cancer Center Weill Cornell Medicine New York, NY 10065, USA.
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Professor Jules Hoffmann 2011 Nobel Laureate USIAS 4 Rue Blaise Pascal Strasbourg67081-France.
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Professor Tim Hunt 2001 Nobel Laureate Institute Francis Crick
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Professor Torsten Wiesel 1981 Nobel Laureate
The Rockfeller University
1230 York Avenue, New York, NY 10065, USA
CHEMISTRY
Professor Martin Chalfie 2008 Nobel Laureate Columbia University Biological Sciences 1012 Fairchild Center, M.C. 2446 New York, N.Y. 10027, USA
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Professor Johann Deisenhofer 1988 Nobureate Regental Professor University of Texas Southwestern Medical Center 6001 Forest Park Road, ND10.502
Dallas, Texas 75390-8816, USA
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Professor Robert Huber 1988 Nobel Laureate
Max Planck Institute of Biochemistry
Am Klopferspitz 18, 82152 Planegg, Germany
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Professor Ada Yonath 2009 Nobel Laureate
Weizmann Institute of Science Faculty of Chemistry Department of Structural Biology Herzl St 234, Rehovot, 76100, Israël
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Professor Dan Shechtmann 2011 Nobel Laureate
Technion-Israel Institute of Technology Haifa, 3200003, Israël
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Professor Venkatraman Ramakrishnan 2009 Nobel Laureate
MRC Laboratory of Molecular Biology Cambridge Biomedical Campus, Francis Crick Ave, Cambridge CB2 OQH, UK
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Professor Jean-Marie Lehn 1987 Nobel Laureate
USIAS 4 Rue Blaise Pascal Strasbourg 67081-France
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Professor Yuan T. Lee 1986 Nobel Laureate
Academia Sinica. Taiwan
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PHYSICS
Professor Albert Fert,
2007 Nobel Laureate Unité Mixte de Physique
CNRS-Thales 1 Avenue Augustin Fresnel,
91767 Palaiseau, France
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Professor David Gross 2004 Nobel Laureate
Department of Physics - Broida Hall University of California
Santa Barbara, CA 93106-9530
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Professor Serge Haroche 2012 Nobel Laureate
Ecole Normale Supérieure Laboratoire Kastler-Brossel
24 Rue Lhomond Paris 75005-France
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Professor Claude Cohen-Tannoudji 1997 Nobel Laureate
Ecole Normale Supérieure Laboratoire Kastler-Brossel
24 Rue Lhomond Paris 75005-France
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Professor Andre Geim 2010 Nobel Laureate
School of Physics and Astronomy University of Manchester
Oxford Road, Manchester M139PL, UK
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Professor Robert B. Laughlin 1998 Nobel Laureate
Department of Physics McCullough blg-Stanford University 476 Lomita Mall-Stanford CA 94305-4045
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Professor Frederic Duncan M. Haldane 2016 Nobel Laureate
Professor of Physics Princeton University
330 Jadwin Hall Princeton, NJ 08544-0708, USA
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Professor Klaus von Klitzing 1985 Nobel Laureate
Max Planck Institute for Solid State Research Heisenbergstrasse 1, 70569 Stuttgart-Germany
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Professor Arthur McDonald 2015 Nobel Laureate
SNOLAB-Creighton Mine#9,1039 Regional Road 24, Lively, ON P3Y 1N2-Canada
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Professor Takaaki Kajita 2015 Nobel Laureate
Institute of Cosmic Ray Research The University of Tokyo
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Professor Jerome Friedman 1990 Nobel Laureate
Department of Statistics Sequoia Hall-Stanford University Stanford, CA 94305-4065
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REITOR NAOMAR DE ALMEIDA FILHO DA UFSB SOLICITA EXONERAÇÃO DO CARGO.
CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA UFSB
Itabuna, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, 29 de setembro de 2017
Dirijo-me não apenas a estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes, mas incluo na comunidade da UFSB membros da sociedade, representantes de movimentos sociais, familiares de alunos/as, lideranças políticas, apoiadores e parceiros de nossa instituição.
Hoje comuniquei ao Consuni minha exoneração do cargo de Reitor pro-tempore desta Universidade. Escrevo esta carta aberta com o objetivo de explicar as circunstâncias deste ato. Antes farei breve súmula dos antecedentes.
Assumi a Reitoria da UFSB em 2013. Convidei colaboradores do tempo em que fui Reitor da UFBA para compor a primeira equipe de gestão. Em conjunto, concebemos seu projeto político-institucional, elaboramos a Carta de Fundação e o Plano Orientador, realizamos prospecção do território, discutimos o modelo proposto com a comunidade regional, recrutamos os primeiros grupos de docentes redistribuídos e conduzimos os primeiros concursos de servidores docentes e técnico-administrativos. Reiterando o estilo de gestão com que conduzi o reitorado na UFBA, concentrei-me em aspectos conceituais, políticos e pedagógicos, delegando a outros dirigentes a dimensão administrativa, particularmente o gerenciamento do cotidiano e a gestão de pessoas.
Em quatro anos, apesar do contexto adverso, implantamos um modelo de universidade inovador em muitos aspectos: ampla cobertura territorial mediante a criação de uma rede de colégios universitários, regime letivo quadrimestral multiturno, modelo curricular flexível, em ciclos de formação, fortemente integrado à educação básica, com base em pedagogias ativas mediadas por tecnologias digitais. Além disso, o modelo de integração social que praticamos buscou promover ampla inclusão étnico-social, respeito à diversidade de saberes e engajamento da sociedade na governança institucional, com representação política efetiva nos órgãos consultivos e deliberativos da Universidade.
A partir de 2015, frente ao agravamento da crise política e subsequente redução do financiamento da universidade pública brasileira, sofremos profundo desgaste interno, intensificado pela suspensão de novos concursos federais, fomentando incerteza e angústia na comunidade universitária. Não obstante, honramos nosso compromisso com a população sul-baiana ao acolher anualmente o mesmo número de estudantes desde o início de nossas atividades. Ainda naquele ano, mobilizando mais de três mil participantes de todos os segmentos sociais, conseguimos realizar o evento mais marcante de nossa curta história, o I Fórum Social do Sul da Bahia, que elegeu o Conselho Estratégico Social da UFSB. No ano seguinte, iniciamos cursos de pós-graduação e mantivemos a oferta de vagas de graduação, dando prioridade aos Colégios Universitários. Assim, consolidamos as licenciaturas interdisciplinares e implantamos os primeiros Complexos Integrados de Educação, principal ajuste ao nosso projeto original.
Ao priorizar a missão social da Universidade, promovendo o protagonismo dos conselhos sociais em todos os planos e mantendo abertura de vagas de graduação – possibilitada pela grande dedicação de uma parcela de docentes, gestores e servidores –, definimos com clareza os rumos da UFSB como uma universidade socialmente referenciada. Atos de hostilidade e agressão, inicialmente concentrados num pequeno grupo, começaram a aparecer em nosso cotidiano, replicando a deterioração do ambiente político nacional. Ações de evidente sabotagem, inclusive de dentro da equipe de gestão, criaram obstáculos à nossa agenda de integração social. Esse movimento conseguiu, por exemplo, cancelar o Congresso Geral da UFSB previsto para o ano passado (inviabilizando o II Fórum Social neste ano), além de boicotar tanto inovações curriculares de maior potencial inclusivo e quanto a articulação com a educação básica.
Concluída a eleição dos decanos das unidades universitárias, tomei a iniciativa de recuperar a pauta deliberativa que estava bloqueada, solucionando mais de dois terços das pendências identificadas. Nesse momento, membros da equipe gestora revelaram seu distanciamento da orientação político-institucional do projeto. Alguns desses movimentos revelaram oportunismo, ameaçando desestabilizar a gestão da universidade, comprometendo a própria viabilidade institucional do projeto da UFSB. No contexto de definição das regras de seleção para o segundo ciclo, um membro da administração central, sem prévio conhecimento e avaliação da equipe gestora, propôs conceder a todos os estudantes atualmente matriculados no BI-Saúde acesso ao curso de Medicina, de modo escalonado.
A tabela abaixo apresenta dados reais do alunado do BI-Saúde 2014-2016 (incluindo estimativas de migração inter-cursos a partir de 2017). Notem que o suposto básico dessa proposta é o cancelamento de entradas no BI-Saúde, por seis anos seguidos, já no próximo processo seletivo. De fato, a proposta atrasa e reduz a oferta de vagas no segundo ciclo para as turmas seguintes à de 2014, prejudicando particularmente as cortes de estudantes que entraram no BI-Saúde entre 2015 e 2017. Em 2018, após a entrada dos 57 estudantes não classificados do ano anterior, restarão apenas 23 vagas para a turma concluinte de 2016. Mantendo-se o patamar de oferta de 80 vagas, observe- se, em vermelho, o déficit anual provocado pelo escalonamento da entrada nos anos seguintes daqueles que não se classificaram no processo seletivo do respectivo ano de conclusão do primeiro ciclo.
O déficit cresce proporcionalmente, favorecendo os poucos que entraram primeiro e prejudicando aqueles que se agregariam posteriormente. No caso em pauta, com o aumento da turma de entrada no BI, já em 2019 anular-se-ia a entrada para a turma de 2015.2, com um déficit de quase 100 vagas. Nessa proposta, os últimos estudantes da turma de 2017.2 somente entrariam no curso de Medicina em 2026, nove anos depois.
Pelo exposto, tal proposta infligirá danos severos ao projeto da UFSB e ao modelo pedagógico da universidade e, por extensão, ao movimento pela promoção da saúde, ao SUS, ao projeto político de uma universidade socialmente inclusiva, e à educação superior pública. Além disso, confronta pontos centrais do modelo de ensino-aprendizagem da UFSB. Nesse aspecto, destacam-se valores cruciais capazes de gerar efeitos formativos da maior importância para o campo da Saúde: responsabilidade política, compromisso social, autonomia, honestidade e sobretudo ética.
Enfim, a proposta em questão é um flagrante desrespeito à lógica do planejamento anteriormente pactuado na universidade, podendo resultar num grande engodo, criando problemas de difícil solução. Ainda acreditando na natureza humana, espero que tenha sido apenas um ato impensado, com a boa intenção de efetivamente resolver dilemas e atender demandas de nosso bravo e engajado corpo discente. Porém o lançamento dessa proposta num lance de oportunidade revela uma séria questão de responsabilidade, talvez explicável pelo contexto atual da nossa universidade, debatendo-se numa crise interna, alimentada por intrigas e manobras. Mobilizam-se insatisfações, ansiedades, ressentimentos, infelicidades, deslocamentos, projeções, fomentando um ambiente de ódio, hostilidade, incompreensão e rancor.
Além disso, a sequência de movimentos que geraram este fato precisa ser entendida no plano micro-político. Na semana passada, abriu-se um processo eleitoral para o primeiro Reitorado. Esse processo tem mera aparência de legalidade, mas é claramente ilegítimo. Restrito aos segmentos que convencionalmente compõem a comunidade universitária, docentes, servidores e estudantes, ao excluir a sociedade do território como quarto ator nos processos de escolha de dirigentes, o processo confronta princípios e valores da Carta de Fundação da UFSB. E de legalidade tem somente uma casca, talvez uma camuflagem, porque não segue regras e normas da democracia de alta intensidade que a duras penas temos tentado consolidar na instituição; não segue o Estatuto da Universidade nem as normas do Conselho Estratégico Social aprovadas pelo Conselho Universitário.
Que tipo de política estariam praticando os que promovem esse golpe? Certamente a de mais baixo nível, incompatível com a dignidade da instituição milenar da Universidade. Qual a diferença disso para a trágica, lamentável e vergonhosa crise política do país, depois do triste espetáculo de um impedimento presidencial injusto, embora protegido pelo manto da legalidade? Processo dito democrático, porque seus atores foram eleitos por voto popular? Desde quando a democracia prescinde da ética? Fins escusos justificam os métodos da traição? Meios podres para finalidades ainda piores?
Me entristece demais constatar o grave impacto negativo da cultura política instalada no país: negociação de cargos, compra de votos, tráfico de influência, corrupção que não se faz somente com malas de dinheiro; cargos, favores e privilégios também servem como eficiente moeda de troca. Será que nossa instituição educadora se encontra distante dessa realidade? Será que atos dessa natureza, favorecimentos e acordos escusos, não ocorrem nos campi universitários? Que efeitos pedagógicos lances de oportunismo, ambição e desonestidade terão sobre nosso alunado e sobre a sociedade, nesta instituição? Desmontar um projeto contra-hegemônico de universidade crítica, popular, transformadora? Desconstruir uma proposta porque incomoda profundamente os que querem o mínimo legal, aqueles que pretendem ficar na zona de conforto para fazer um pouco mais do mesmo?
Ao apresentar o projeto da UFSB, nos mais diversos foros e audiências nacionais e internacionais, com frequência me perguntavam sobre a viabilidade política de um projeto como o nosso, já que propostas semelhantes foram duramente reprimidas em duas oportunidades na história brasileira. Também me questionavam como seria possível construir o novo com pessoas formadas nas velhas práticas, com matrizes mentais antigas. Creio que as respostas que dei foram equivocadas. Frente à primeira questão, dizia: não é mais o mesmo momento, os projetos anisianos enfrentaram ditaduras; hoje o Brasil é diferente, somos uma democracia que se consolida a cada dia. Com relação à segunda, disse e repeti: felizmente em nossa equipe temos pessoas honestas e leais ao projeto. Contamos com um grupo de gestão coeso e fiel, não temos o que temer. Em apenas três anos, o cenário mudou totalmente, pois no contexto nacional vivemos um claro retrocesso político, à beira do fascismo social, e no contexto local sofremos um duro golpe, disfarçado de legalismo.
A dirigentes que buscam um projeto individual, articulado a uma oposição raivosa, pessoas que manifestam ódio e fazem assédio moral enchendo minha caixa de mensagens, sigam em frente. Façam seus movimentos sinuosos, sub-reptícios e escusos, movimentos políticos de cartas marcadas e acordos já feitos, com sinais de conspiração traiçoeira tão evidentes que nem é preciso muita experiência de vida para detectá-los, mesmo nesta cena. Já que está assim, vão em frente e vejam até onde conseguem chegar, o que pretendem destruir e a quem podem enganar. Se é para remover do cargo este servidor público que se incumbe de uma função temporária de gestão, não precisam gastar tanta energia, realizar tanta conspiração, tantos jogos de sombras. É simples: a exoneração do Reitor resolve...
Gostaria de fazer uma citação ao Sr. Joelson Ferreira, agricultor, liderança dos assentados rurais, representante do Conselho Estratégico Social no Consuni da UFSB. Pena que ausente neste momento, neste Conselho. Joelson tem dito que falta grandeza nessa luta intestina, nessa luta contra a instituição, para lamentar que a baixa política se mostra na pequenez de conflitos que enfraquecem e dividem aquelas e aqueles que deveriam se engajar nas lutas sociais maiores. E novamente Joelson nos adverte que esta universidade não nos pertence, não é propriedade de docentes, servidores e mesmo de estudantes. É um patrimônio do sofrido povo do território que nos abriga e inspira, principalmente dos que nela não se encontram. Por esse motivo e por tantas outras razões históricas e políticas, postulo e defendo a intensa participação social na governança institucional das instituições públicas, sobretudo em universidades que, como a nossa, se definem pela democratização ampla de seus processos e pela grandeza de sua missão.
Estou concluindo esta comunicação. Vejam que é uma fala ponderada, refletida, pensada, mas com emoção. Pretendi mostrar que muitos se dedicam a diminuir o que fizemos, sem consciência da grandeza deste projeto, do que nossa Universidade pode representar para a população desfavorecida que precisa de educação para sua libertação política.
Somos todos responsáveis por nossas ações, porque a história está aí para nos julgar; às vezes demora, mas não costuma falhar. Dois companheiros que prezo muito, Álamo Pimentel e Fabiana Lima, costumam se emocionar ao falar da UFSB, já os ouvi várias vezes dizer que estamos fazendo história. Gostaria de refletir que, além de fazer história, nossa prática política nos obriga a também escrever a história, com atos e fatos e não como ficção. A sociedade sabe bem quem são seus interlocutores, a quem perguntar sobre o que está acontecendo na UFSB. Alguns de nós são interlocutores de maior credibilidade e por isso são mais solicitados a produzir narrativas que vão ressoar, se tornarão memória e serão registradas devidamente. Estou pronto para contar e registrar essa história. Nessa carreira de professor, tão recompensadora e apaixonante, que se constrói na permanente recriação dessa instituição que se chama universidade, narrar é uma tarefa para os retirados, os jubilados, aqueles que no Brasil se chama de aposentados, que são incumbidos de registrar as memórias que ressoam e se tornam história.
Nesta reunião do Consuni, prestei contas das articulações institucionais que, nos últimos dias, redundaram na garantia de liberação de todo o orçamento de 2017 e em novas vagas para concursos de servidores e docentes. Apresentei também um relatório do processo de recuperação de pautas, acima mencionado. O relatório se completa com minha carta de exoneração, já encaminhada ao MEC. Nessa carta, indico o fechamento de um ciclo de quatro anos de contribuição e expresso meu sentimento de missão cumprida. Não explicito os problemas internos da instituição, mas deixo claro o caráter unilateral dessa decisão, pois não se trata de cargo colocado à disposição da autoridade que me nomeou. Essa carta foi objeto de discussão com a equipe de gestão mais próxima, quando firmamos um pacto pela governabilidade a fim de que essa exoneração não traga prejuízos à instituição.
Gostaria de finalizar declarando que tomo essa decisão sem ressentimentos, sem rancor, com o desejo firme de que nossa jovem instituição cresça e consiga ser tudo o que para ela sonhamos. Continuo UFSB, nesse tempo de carreira que tenho, para consolidar alguns projetos em andamento, colaborando com o que puder para engrandecer nossa instituição. Agradeço a todas e todos os que têm ajudado a construir o que fizemos de melhor.
Despeço-me com saudações universitárias anisianas, esperançosas.
Sinceramente,
Naomar de Almeida Filho
Professor Titular Universidade Federal do Sul da Bahia
COMISSÃO DA MEMÓRIA E DA VERDADE ENTREGA RELATÓRIO FINAL
Após cinco de atividades, a Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara entregou, nesta segunda-feira (25), no Palácio do Campo das Princesas, o relatório final das violações dos direitos humanos praticadas durante a ditadura militar, em Pernambuco ou contra pernambucanos em outros territórios. O ato contou com membros da Comissão, autoridades e militantes pernambucanos vítimas e familiares de vítimas da repressão.
A SBPC PE prestigiou a Solenidade de Entrega do Relatório Final da
Comissão da Memória e da Verdade Dom Hélder Câmara, à Convite da Professora Maria do Socorro Ferraz, Membro desta Comissão.
O colegiado, que foi o primeiro instituído a nível estadual, em 2012, colheu 157 depoimentos em 50 sessões públicas e 40 reservadas. O relatório, que reúne mais de 70 mil documentos divididos em dois exemplares, é entregue em um momento em que os militares começam a se movimentar como se fosse alternativa a crise político do País.
Durante o ato, o cerimonial chamou os nomes de 51 mortos e desaparecidos políticos. O público respondia “presente” a cada nome mencionado.
Material
Em dois volumes, o relatório tem o objetivo de estimular à construção de iniciativas que fortaleçam a democracia. O primeiro volume contém textos informativos sobre como foi planejado o trabalho da CEMVDHC, desde sua criação em 2012, organização, planejamento estratégico e metodologia; além dos relatos das histórias de vida e as circunstâncias das violações cometidas contra 51 mortos e desaparecidos políticos, vítimas da repressão, com biografias sistematizadas por organização política.
Já o segundo trata das dificuldades da construção da democracia no Brasil e da repercussão desses fatos em Pernambuco; da intervenção do capital externo nas eleições de 1962; e da marcha e concretude do golpe militar: o desmonte da “intervenção planejada” e a repressão em Pernambuco. O relatório expõe, ainda, as violações aos direitos humanos em Pernambuco nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; nos meios sociais urbanos, nos meios culturais e educacionais, nos meios de comunicação e no âmbito das religiões.
Cadernos
Durante os quase cinco anos de atividades, a Comissão publicou cinco cadernos sobre casos de grande repercussão e que reuniam um vasto acervo de informações e arquivos. Foram eles: Vol. I – Caderno da Memória e Verdade; Vol. II – Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto; Vol. III – Habeas Corpus perante o Superior Tribunal Militar; Vol. IV – Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de Dom Helder Câmara; e Vol. V – IBAD: Interferência do capital estrangeiro nas eleições do Brasil.
Todo o material reunido pela CEMVDHC será disponibilizado gratuitamente no Arquivo Público do Estado e pelos sites www.comissaodaverdade.pe.gov.br e www.acervocepe.com.br.
EM REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DE MCTIC, A SBPC, ABC, CONFAP, CONSECTI E ANDIFES PROTESTARAM CONTRA OS CORTES DE RECURSOS PARA C&T E REITERARAM A SOLICITAÇÃO PARA UMA REUNIÃO URGENTE DO CONSELHO NACIONAL DE CT.
Na 3ª Reunião do Conselho Consultivo do MCTIC, nesta quarta-feira (27), no CNPq, com a presença do Ministro Gilberto Kassab e dos secretários do MCTIC, os representantes das entidades científicas, acadêmicas e dos sistemas estaduais de CT&I reiteraram a solicitação, já enviada ao Ministro Kassab, para que fosse convocada uma reunião urgente do CCT para discutir a situação muito grave dos recursos para CT. O Ministro respondeu que já havia solicitado a reunião e que continuará insistindo para que ela ocorra.
Os representantes das entidades se posicionaram também firmemente pela necessidade urgente de recuperação do orçamento de C&T, que está afetando profundamente o CNPq, a Finep, os institutos de pesquisa e as universidades públicas. Uma carta dessas entidades fora enviada dias antes ao Presidente Temer, e com cópia aos ministros da área econômica e ao Ministro Kassab, solicitando a liberação dos recursos contingenciados do MCTIC neste ano, diante da decisão do seu governo de autorizar a liberação de mais 12,8 bilhões para o orçamento de 2017 em função do aumento da meta de déficit fiscal. A carta ainda não recebeu resposta. O ministro Kassab afirmou que estão sendo envidados esforços junto ao setor econômico do governo para que pelo menos parte dos recursos contingenciados sejam agora liberados. Do mesmo modo, os representantes das entidades manifestaram grande preocupação com os números já delineados no PLOA 2018 para o orçamento da área no próximos anos.
O presidente da SBPC informou que a comunidade científica e acadêmica, apoiada pela Frente Parlamentar em Defesa da Ciência, Pesquisa, Tecnologia e Inovação, fará atividades no Congresso Nacional no dia 10/10: audiência pública, pela manhã, na Comissão de CT, Comunicação e Informática da Câmara Federal e, à tarde, às 15h, ato no Salão Nobre do Congresso, para entrega ao deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, de cerca de 80.000 assinaturas da campanha Conhecimento sem Cortes. Para estas atividades estão convidadas todas as entidades científicas do país, os reitores das universidades públicas e dirigentes de instituições de pesquisa.
A presidente do CONSECTI, Francilene Garcia, enfatizou vários pontos importantes da agenda de desburocratização para a área, em particular a necessidade urgente da regulamentação do chamado Marco Legal de CT&I. Os presidentes da SBPC, ABC, CONAP e ANDIFES insistiram na importância de que sejam agilizados os procedimentos para que esta questão importante seja resolvida logo, já que falta apenas uma reunião de finalização na Casa Civil, com os ministérios envolvidos. O secretário-executivo do MCTIC, Elton Zacarias, afirmou que o decreto de regulamentação deve ser finalizado em outubro.
Na primeira parte da reunião, os coordenadores das comissões temáticas do CCT relataram os resultados de suas discussões pela manhã. Na segunda fase, os secretários das diversas secretarias do MCTIC apresentaram alguns programas prioritários que estão sendo discutidos ou desenvolvidos em suas áreas. A destacar a proposta da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (SEPED) de se criar um programa novo, para os próximos três anos, e com recursos adicionais, com pesquisas focadas na Amazônia e no Semiárido. O Secretário de Telecomunicações expôs as propostas que estão sendo discutidas, no MCTIC, para uma nova política pública de telecomunicações. Foi solicitado, pela SBPC, que os documentos referentes a esta proposta sejam divulgados com antecipação para que sejam discutidos pela comunidade científica, por outros setores envolvidos e pelo CCT.
Diversos representantes dos setores empresariais não compareceram à reunião, o que despertou a preocupação das entidades científicas e acadêmicas com o funcionamento mais representativo do CCT Consultivo e dos Comitês Temáticos do CCT.
SEMANA MUNDIAL DO ESPAÇO
Blog do Espaço Ciência
Observatório Astronômico da Sé terá programação especial na próxima semana
O Observatório Astronômico da Sé estará com uma programação especial entre os dias 4 e 10 de outubro. É quando acontece, em dezenas de países, a “Space Week”: Semana Mundial do Espaço. Haverá observação do céu, jogos e exibição de documentários.
A Semana Mundial do Espaço teve início em Houston (EUA) na década de 80 com a celebração do primeiro pouso na Lua. Em 1999, ela se espalhou para mais de quinze nações. Foi quando a Assembleia Geral da ONU reconheceu o evento, que passou a ser celebrado de 4 a 10 de outubro. No ano seguinte, foi o lançamento do Milênio Espacial e, a cada ano, um tema diferente é escolhido para as ações.
Este ano, o tema é “Explorando novos mundos no espaço”. Em foco, missões espaciais voltadas para a astrobiologia, cujo objetivo é a busca da existência de matérias orgânicas de locais ou regiões fora do Planeta Terra. É o caso da New Horizons (primeira missão da NASA para Plutão e o Cinturão de Kuiper). O tema também destaca projetos de pesquisa de tecnologias espaciais que permitam a vida humana em outros planetas, bem como os projetos de exploração e utilização de recursos extraterrestres, como metais de asteroide e água da Lua.
Desde o ano 2000, já foram enfocados temas como Explorando Marte; Espaço para segurança; Espaço para a Educação; Espaço para salvar vidas; Espaço para o Desenvolvimento Sustentável; entre outros. Em 2016, o tema de “Sensoriamento Remoto: Habilitando o nosso futuro” comemorou a observação da Terra a partir do Espaço como forma de melhorar as condições do planeta: foram mais de 2700 eventos em 86 países.
PROGRAMAÇÃO NA SÉ – Durante os sete dias da “Semana Mundial do Espaço”, a partir das 18 horas, haverá maratona de documentários sobre o Espaço e Astrobiologia. A partir das 17h, haverá jogos como o Boliche Espacial e o Quis Astronômico. Os vencedores ganharão de brinde satélites construídos com material reciclável.
Todos os dias, haverá também Observação do Céu: a lua, que estará passando da fase cheia à minguante, estará visível a partir das 16h. Saturno e seu satélite natural Titan estarão visíveis a partir de 18h.
Na segunda-feira (9), o Observatório, que geralmente abre de terça a domingo, abre excepcionalmente para uma visita guiada do grupo de frequentadores ao Obelisco da Sé. No local, em 1882, astrônomos observaram o fenômeno conhecido como “Trânsito de Vênus”, quando o planeta, a Terra e o sol encontram-se alinhados, permitindo o cálculo da distância Terra-Sol. O grupo aproveitará o momento para uma agradável conversa sobre a Astronomia no estado de Pernambuco.
EDITAL DE SELEÇÃO REGULAR 2018.1 PARA BIOMETRIA E ESTATÍSTICA APLICADA DA UFRPE
SET, 26. 2017
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG/UFRPE) divulgou o edital para seleção de pós-graduação stricto sensu 2018.1. O PPG em Biometria e Estatística Aplicada oferece 16 vagas para ingresso no mestrado (sendo uma das vagas exclusiva para servidor da UFRPE) e 13 vagas para o Doutorado (sendo uma delas exclusiva para servidor da UFRPE).
As inscrições estarão abertas no período de 02 a 30 de outubro de 2017, no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) e serão realizadas exclusiva por meio do site www.editais.prppg.ufrpe.br.
O Edital e as Normas Complementares encontram-se no endereço:
http://editais.prppg.ufrpe.br/selecoes/mestrado-e-doutorado-2018-1-edital-prppg-0102017.
As matrículas para os selecionados ocorrerão em março/2018.
ENGENHEIROS DA CHESF NÃO ACEITAM VENDA DE USINAS PARA AJUDAR NO AJUSTE FISCAL DO GOVERNO TEMER
Blog do Jamildo, 28.09.2017
Nesta semana que passou, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, participou do 5º Fórum de Infraestrutura e Logística, do LIDE São Paulo, onde debateu temas da pasta com cerca de 200 empresários e representantes setoriais. No evento, Fernando Coelho Filho defendeu os termos da Consulta Pública do Setor Elétrico que vai até o dia 17 de agosto.
“O Ministério de Minas e Energia (MME) colocou na Consulta Pública todas as ideias desenvolvidas nos debates internos com o setor ao longo do último ano: como a alocação correta dos riscos entre os agentes, a racionalidade econômica das propostas, para que o governo possa apoiar exatamente aquilo que for necessário, a migração para o mercado livre levando também os encargos e a responsabilidade pela segurança do setor”.
Ao referir-se às propostas de “descotização” das usinas geradoras, Fernando Coelho Filho citou o caso da Chesf.
“A Chesf sempre foi uma empresa sólida, muito robusta e que teve, de uma hora para outra, numa única medida provisória (MP 579), 91% do seu parque gerador transformado em cotas. Em dezembro do ano passado, nós tivemos que vir a Eletrobrás fazer uma operação de crédito para que a Chesf pudesse honrar os compromissos salariais dos seus funcionários, tendo em vista que o que ela recebe de operação e manutenção é insuficiente para poder fazer frente aos compromissos que assumidos”.
Reação no Recife
No Recife, cinco engenheiros da Chesf, diante do avanço da transposição do São Francisco e da imposição do uso múltiplo das águas, está apresentando uma proposta de gestão integrada do rio, com vista a sua sustentabilidade.
O documento é assinado por Pedro Alves de Melo, Sergio Balaban, José Altino Bezerra, Iony Patriota de Siqueira, Roberto Gomes.
“Consta dessa proposta a descotização e possibilidade de privatização das usinas de Xingó, Complexo de Paulo Afonso e Itaparica cujo lastro para fins de contratação de energia elétrica totaliza 4.884 MW médios. Segundo a proposta do MME, a privatização destes ativos tem, entre outros objetivos, o equilíbrio das contas públicas no curto prazo. Todavia, esta visão, ao não atender as necessidades mais abrangentes da região, coloca em risco o futuro da Nordeste”, afirmam, em documento.
O engenheiro José Altino Bezerra é ex-Superintendente de Planejamento e Expansão da CHESF e também Presidente da FACHESF.
“Tendo em vista a Audiência Pública promovida pelo MME, conforme Nota Técnica 05/2017/AEREG/SE, decidimos formar um Grupo de Engenheiros para nos posicionar com relação às questões levantadas na citada NT, principalmente no item que aborda a Descotização e Privatização de UHE´s de Empresas do Grupo Eletrobras, inclusive da CHESF … Nosso objetivo é contribuir para o processo, somando esforços na direção de valores nos quais acreditamos e que produzam benefícios para o desenvolvimento da nossa sofrida Região. No dia 10/08, submetemos ao MME, um importante documento analisando o contexto atual e apresentando uma proposta cujas ideias principais já contam com o apoio de renomados engenheiros conhecidos nacionalmente”
“O Grupo, denominado Gestão Integrada do São Francisco – GISF, conta com a participação de colegas que trabalharam na CHESF e ocuparam funções relevantes em atividades pertinentes à Àrea Energética, ou outras atividades correlatas, para desenvolvermos um trabalho buscando sensibilizar a Sociedade, Técnicos, Empresários, Imprensa e Políticos da Região Nordeste, entre outros, para que haja uma maior participação nesse momento de decisões, em defesa da Transposição (PISF), da CHESF e de outros Organismos e Instituições fundamentais para o desenvolvimento do Nordeste”, explica.
O DESMONTE DO ENSINO SUPERIOR E DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL
Isaac Roitman, Política Brasileira 02.10.2017
A estruturação do Sistema de Ciência e Tecnologia no Brasil tem menos de 70 anos. Entre os marcos importantes do desenvolvimento científico e tecnológico tivemos a criação na década de 50 do século passado, do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES).
Na década de 60 foi implantado um bem sucedido sistema de pós-graduação que atualmente forma anualmente mais de 16.000 doutores. A criação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) em 1967, a criação do Ministério de Ciência e Tecnologia em 1985, e a expansão das Fundações Estaduais de fomento à pesquisa são também marcos importantes que colocaram o Brasil no cenário internacional da pesquisa.
A crise
Com perplexidade testemunhamos um retrocesso nas atividades de pesquisa no Brasil que é feita principalmente nas Universidades e Institutos de Pesquisas. As universidades públicas estão à beira de fecharem as suas portas.
O corte nos repasses do Ministério da Educação para o Ensino Superior está afetando as universidades federais. O mesmo ocorre com as universidades estaduais e municipais. As universidades públicas brasileiras estão na UTI com riscos de extinção ou de vida vegetativa.
O CNPq não garante a continuidade de financiamento de pesquisas e da concessão de bolsas de estudos. Os Institutos de Pesquisas, como por exemplo, o Museu Goeldi está ameaçado de paralisação de suas atividades. O cenário é dantesco.
Os apelos
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes) encaminharam recentemente uma carta ao Ministro da Educação, apelando para uma solução da grave crise nas Universidades Federais destacando o importante papel dessas instituições para o desenvolvimento social e econômico do País.
Ressaltaram que o conjunto dessas universidades é responsável pela formação de mais de um milhão de alunos de graduação e mais de 57% de todo o Sistema Nacional de Pós-Graduação.
Uma carta foi também encaminhada ao presidente da República, pedindo a liberação imediata da verba do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) contingenciada em 2017.
Ela foi subscrita pela SBPC, a ABC e Andifes e seis outras entidades: Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa (Confies), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência e Tecnologia (Consecti), o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) e o Fórum Nacional de Secretários Municipais da Área de Ciência e Tecnologia.
Em recente pronunciamento no Ceará, o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, reforçou que além de conscientizar toda a sociedade sobre a situação atual, é preciso criar estratégias para reverter esse quadro crítico de cortes e contingenciamentos na verba para CT&I brasileira: “Esse processo que estamos vivenciando nos últimos anos é muito grave. Precisamos pensar em estratégias para resistir e avançar”.
Também vinte e três laureados com o Prêmio Nobel enviaram uma carta ao presidente Michel Temer, manifestando “forte preocupação com a situação da ciência e tecnologia do Brasil e pedindo que ele reveja a decisão de fazer novos cortes orçamentários no setor “antes que seja tarde demais”.
Soberania ou ser colonizado?
Se o nosso futuro é continuar a ser um País colonizado vamos ficar calados, desistir do nosso protagonismo e deixar um legado sombrio para as próximas gerações de brasileiros. Por outro lado se continuarmos a luta para sermos um País soberano, vamos tratar a Educação e a Ciência e Tecnologia com seriedade, pois são pilares fundamentais para nosso desenvolvimento como nação.
A escolha de nosso futuro está em nossas mãos. Vamos fazer a escolha com sabedoria e valentia.
“CIÊNCIA É UM VALOR, ASSIM COMO SAÚDE E EDUCAÇÃO”
Kadu Cayres,
Edição: Raquel Aguiar
02.10.201 (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
Em sessão do Núcleo de Estudos Avançados, presidente do CNPq defendeu o financiamento para a Ciência e garantiu o pagamento de bolsas pelo órgão de fomento até o final de 2017.
A crise econômica e os cortes sucessivos de orçamento são alguns dos fatores responsáveis por uma realidade preocupante: pesquisadores de todo o país estão com dificuldades para iniciar ou dar seguimento a projetos científicos desenvolvidos em universidades e centros de pesquisa. O que fazer para driblar este cenário adverso para a ciência nacional? Qual a perspectiva das grandes agências de fomento nacionais? Para responder essas e muitas outras perguntas, o Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) convidou uma das figuras mais destacadas no panorama da ciência brasileira: o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mario Neto Borges. O engenheiro elétrico de formação, que assumiu o cargo em um dos contextos mais desafiadores enfrentados pelo setor nas últimas décadas, ministrou a palestra ‘CNPq, presente e futuro da ciência brasileira’. Realizada na última sexta-feira (29/09), na Tenda da Ciência Virgínia Schall, a iniciativa foi realizada em parceria com a Presidência da Fiocruz. A sessão integrou a cerimônia de entrega do Prêmio Anual IOC de Teses Alexandre Peixoto, em edição associada ao Centro de Estudos do IOC, como encerramento da programação da Semana da Pós-graduação Stricto sensu do Instituto [clique aqui para acompanhar a cobertura especial]. Durante o evento, o presidente do CNPq garantiu o pagamento das bolsas previstas até o final de 2017 – uma fala capaz de tranquilizar cientistas e estudantes nos quatro cantos do país.
Durante o evento, o presidente do CNPq garantiu o pagamento das bolsas previstas até o final de 2017 |
O diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, abriu a sessão ressaltando a importância de se ter o CNPq como um aliado na batalha contra o não-sucateamento da ciência brasileira. “O Mario tem demonstrado muita boa vontade para lutar em prol da nossa ciência. Por isso, conte com o IOC e a Fiocruz nessa trajetória. Olhar para a plateia e vê-la repleta de jovens, deixa claro que devemos lutar para que eles tenham a oportunidade de construir um país melhor”, declarou, destacando os riscos relacionados aos cortes orçamentários da ordem de 40% no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.“A Fiocruz, assim como o CNPq, também trabalha com a perspectiva de que recursos para a ciência e tecnologia não podem ser vistos como gastos, e sim como investimentos no futuro do país”, salientou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Coordenador do Núcleo de Estudos Avançados do IOC, Renato Cordeiro destacou que o corte de 44% no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) poderá levar ao não pagamento das bolsas de pós-graduação, bolsas de iniciação científica e desconstruir programas de pesquisa em universidades e institutos de pesquisa no país. "A desmotivação dos estudantes é dramática e poderemos ser testemunhas de uma das maiores diásporas científicas da América Latina", avaliou.
Antes abordar temas como corte orçamentário e pagamento de bolsas, Mario Neto esclareceu os motivos que o fizeram aceitar o convite do MCTIC para assumir a presidência do Conselho, no momento em que o país passa por sérias recessões orçamentárias, que impactam diretamente nas atividades das agências de fomento. “Todo mundo pensou que eu fosse louco. Mas as perspectivas são positivas. Afinal, os momentos de crise nos levam a ser criativos e a buscar opções para que possamos obter novas fontes de financiamento, por meio de parcerias com outros ministérios, com os estados, agências e empresas”, comentou, ressaltando que “o desafio é realmente contornar as restrições e voltar a colocar o CNPq como principal agência de fomento à ciência no Brasil”.
“Todo mundo pensou que eu fosse louco. Mas as perspectivas são positivas. Afinal, os momentos de crise nos levam a ser criativos e a buscar opções de financiamento”, comentou Mario Neto sobre a proposta do MCTIC para assumir a presidência do CNPq |
Durante a palestra, o presidente chamou atenção para os instrumentos que envolvem o fomento à ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e apresentou uma nova chamada do CNPq voltada para o setor empresarial. Segundo ele, a iniciativa consiste em uma ação de estímulo ao desenvolvimento tecnológico, que busca elevar a interação de empresas com instituições científicas, além de ampliar a participação do setor privado no aporte de recursos em CT&I. “O edital está direcionado também para a capacitação de recursos humanos e para apoio a ações de divulgação científica, tecnológica e de inovação, área em que, por sinal, estamos bem carentes”, sinalizou.
Durante sua palestra, também foram apresentados projetos voltados para a formação de recursos humanos no contexto de promoção da parceria entre academia e empresas. Segundo Mario Neto, um desses projetos é o Programa de Doutorado Acadêmico Industrial, que consiste em uma parceria entre o CNPq e a Universidade Federal do ABC (UFABC), cujo objetivo é favorecer estudantes interessados em desenvolver projetos para o setor industrial. “No Programa, os alunos desenvolverão suas pesquisas concomitantemente em laboratórios e centros de pesquisa de empresas e indústrias. A proposta está em oferecer ao doutorando, além de aprendizado durante a produção científica e a defesa da tese, a oportunidade de gerar, ao final, um produto que possa ser aplicado no setor produtivo”, esclareceu, acrescentando que “as agências de fomento precisam investir nessa relação empresa-academia, uma vez que, em um futuro próximo, as universidades não absorverão todos os egressos das pós-graduações Stricto sensu”.
Outras propostas com o mesmo viés − formação de recursos humanos no âmbito da parceria entre academia e empresa − foram apresentadas pelo presidente. Dentre elas, a Bolsa Jovem Talento, criada no programa Ciência sem Fronteiras e reeditada este ano com foco na inovação, e o Programa de Agentes Locais de Inovação (ALIs), que renovou a parceria CNPq-SEBRAE, com a perspectiva de colocar, até 2020, mais de 2.800 agentes em campo.
Questionado sobre se o CNPq teria recursos para financiar as bolsas de estudo apenas até o fim de setembro, Mario Neto explicou que, no ano passado, o orçamento aprovado era de R$ 1,4 bilhões, uma soma do Tesouro Nacional e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Por conta do recurso da repatriação de bens que brasileiros tinham no exterior − cerca de R$ 2 bilhões − o governo federal destinou R$ 500 milhões ao CNPq. “Com a entrada desse recurso, pagamos vários compromissos de anos anteriores. O problema foi o contingenciamento de 44% em todos os ministérios no primeiro semestre. Até o início de agosto tínhamos executado 52%. Então sobrava apenas 4%, percentual insuficiente para efetuar o próximo pagamento. Mas, no momento, não há perigo de corte. Até porque o Ministério ampliou o valor da meta do déficit, e a verba do CNPq está dentro deste montante. Fecharemos 2017 de forma tranquila. A preocupação agora é em relação a 2018”, salientou. O presidente do CNPq também comentou sobre uma potencial mudança de procedimento: os pesquisadores 1A poderiam não mais estar aptos a concorrer com projetos em editais universais oferecidos pela agência.
Outro questionamento feito ao palestrante disse respeito ao orçamento destinado para os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), uma das mais destacadas iniciativas de fomento do CNPq. “A primeira parcela de 2016 já foi paga. Agora, estamos preparando o empenho da parcela de 2017”, explicou. “Nossa grande preocupação é mostrar para a sociedade que a ciência é um valor, assim como saúde e educação”, reforçou.
NOTA DA ANDIFES ACERCA DA TRÁGICA MORTE DO REITOR DA UFSC
NOTA OFICIAL
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira.
O sentimento de pesar compartilhado por todos/as os/as reitores/as das universidades públicas federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor Cancellier, ante um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado. É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal. É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular.
É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita. Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que por muitos anos serviu à causa pública. A ANDIFES manifesta a sua solidariedade aos familiares e amigos do Reitor Cancellier e continuará lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira.
Brasília, 02 de outubro de 2017
PAÍSES POBRES PERDERÃO 10% DO PIB PER CAPITA COM A MUDANÇA CLIMÁTICA, DIZ FMI
Agência EFE/ABr, 28.09.2017
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse na quarta-feira (27) que os países pobres serão incapazes de fazer frente sozinhos aos efeitos econômicos do aquecimento global sem um esforço global das economias desenvolvidas, e calcula uma perda estimada de 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita até 2100. A informação é da agência EFE.
“Se não houver esforços globais para frear as emissões de carbono, o previsto aumento na temperatura suprimirá cerca de uma décima parte do PIB per capita dos países de baixos investimentos para finais do século XXI”, apontou o FMI em um dos capítulos analíticos de seu relatório Perspectivas Econômicas Globais.
Estas projeções se baseiam em cenários conservadores de aumento de 1 grau centígrado na temperatura destes países, o que se traduziria em menor produção agrícola, esfriamento dos investimentos e danos à saúde.
O documento enfatiza que “dado que as economias avançadas e emergentes são as que contribuíram em grande medida ao aquecimento global e devem continuar nesse caminho, ajudar os países de baixos investimentos a encarar suas consequências é um imperativo humanitário e uma sensata política econômica global”.
Para o organismo dirigido por Christine Lagarde, um dos principais problemas é que “as políticas domésticas destes países não são suficientes” para protegê-los das mudanças climáticas, devido aos seus poucos recursos econômicos, ao citar exemplos de alguns dos países mais expostos, como o Haiti, o Gabão e Bangladesh.
“À medida que as altas temperaturas ultrapassam os limites biofísicos dos ecossistemas destes países, poderia haver epidemias mais frequentes, fome e outros desastres naturais, ao mesmo tempo que é alimentada a pressão migratória e o risco de conflitos”, indicou.
Cerca de 60% da população mundial vive em países onde o aquecimento global provavelmente produzirá estes “efeitos perniciosos”, atestou o Fundo Monetário Internacional.
O FMI apresentará o seu relatório completo, com as novas projeções de crescimento global, no marco de sua Assembleia Anual que será realizada em Washington, entre 10 e 15 de outubro, e à qual estão presentes os ministros de Economia de 189 países-membros.
QUAL O EFEITO DE MAIS CO2 NA ATMOSFERA PARA A AMAZÔNIA?
Ambiente Brasil 29.09.2017
As florestas desempenham papel crucial para regular as mudanças do clima. Experimento quer descobrir se aumento de emissões pode ajudar as plantas a crescer e combater os efeitos do aquecimento global. Com a queima de combustíveis fósseis, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera estão aumentando rapidamente.
Os riscos causados para o aumento da temperatura global são conhecidos – mas cientistas têm menos certeza do efeito direto de mais CO2 em florestas tropicais como a Amazônia.
Uma teoria que intriga é que um nível mais alto de CO2 na atmosfera pode, na verdade, tornar as florestas mais resistentes aos impactos das mudanças climáticas.
No processo de fotossíntese, as plantas usam energia solar para converter dióxido de carbono e água em moléculas de açúcar ou glicose (que se espalham pela planta), bem como oxigênio, que é devolvido à atmosfera.
Então, se receberem uma dose extra de CO2, as plantas se tornarão mais produtivas?
David Lapola, da Universidade Estadual de Campinas, diz que há “grande incerteza” sobre o que vai acontecer com a Floresta Amazônica, e que é hora de acabar com essa falta de conhecimento. Estudar o impacto do dióxido de carbono no crescimento das plantas poderia ajudar a completar o quebra-cabeça.
“Nós estamos em um ponto em que não dá mais para teorizar sobre isso sem ter experimento de campo, sem ter evidências”, diz.
Testando os impactos – Numa estação de pesquisas próxima a Manaus, a equipe internacional de cientistas liderada por Lapola está usando a tecnologia FACE (Free-Air CO2 Enrichment) em áreas circulares da floresta, de 30 metros de diâmetro. A ideia do experimento é elevar em 50% o nível de CO2 na atmosfera dessas regiões – o patamar estimado para 2050 – e verificar seus efeitos na ecologia da Floresta Amazônica.
O experimento foi dividido em três fases – a primeira está sendo encerrada depois de dois anos, a segunda durará mais dois e a última, mais dez. Durante todo esse período, os cientistas vão observar como os ecossistemas reagem em comparação com as áreas de monitoramento do projeto AmazonFace.
No melhor cenário, o aumento do dióxido de carbono estimularia o crescimento da floresta, tornando-a mais resiliente a temperaturas mais elevadas e seca. Assim, a floresta contrabalancearia os impactos das mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo, se as plantas consumirem todo o CO2, haverá menos dióxido de carbono na atmosfera para causar um aumento da temperatura global. A expansão extra poderia aumentar a utilidade da Amazônia como reservatório de carbono.
Reversão do crescimento – O estudo liderado pelo ecólogo David Lapola é o primeiro a ser realizado numa floresta tropical. Pesquisas semelhantes já foram feitas nos Estados Unidos e na Europa, em florestas temperadas de coníferas (pinheiros). Também no Brasil, houve dois estudos parecidos e menores, mas voltados para cultivos agrícolas.
“Eles, em um primeiro momento, nos primeiros anos do experimento, observaram um significativo incremento de produtividade na floresta. Ou seja, aumentando biomassa, absorvendo esse carbono adicional”, diz Lapola.
Porém, não basta apenas aumentar o nível de CO2 para melhorar a produtividade da floresta. O crescimento extra das plantas também requer a absorção de uma porção extra de nutrientes e, após sete anos, os níveis de nitrogênio do solo começaram a diminuir. A expansão florestal voltou aos níveis de antes.
Ou seja: nos estudos realizados nos EUA e na UE, após atingir um limite de produtividade, as florestas registraram uma inversão na curva de desenvolvimento. Segundo Lapola, essa tendência se deve principalmente à falta de nutrientes no solo.
Lapola afirma que não há redução de nitrogênio na Amazônia, mas que um nível limitado de fósforo – cuja quantidade nos solos amazônicos é baixa – poderia ter o mesmo resultado negativo.
“Se nós observarmos essa limitação, é uma péssima notícia para a Amazônia”, prevê o estudioso, que aponta em seus estudos que, nesse caso, a floresta poderia se transformar num ecossistema de savana ou cerrado em algumas décadas.
Efeito limitado? – Adalberto Veríssimo, cofundador do instituto de pesquisas Imazon, acredita que o projeto AmazonFace contribui para uma compreensão mais abrangente da complexidade dos ecossistemas da Floresta Amazônica.
“Se [a Amazônia] tiver uma função de sequestro de carbono por conta de um aumento da presença de carbono na atmosfera, se a floresta vai ter um papel sobre isso, é importante a gente entender [esse fenômeno]“, disse à DW.
Por outro lado, o ecologista duvida que esse efeito seja significativo o suficiente para ter algum impacto real nas emissões globais de carbono – e, por consequência, no combate às mudanças climáticas.
“A Floresta Amazônica já cumpre muitas funções”, afirma Veríssimo. “Então, não imagino que ela vai também cumprir essa função de mitigar essas emissões absurdas que a humanidade está jogando para a atmosfera. Mas, enfim, vamos ver como isso se comporta”.
Veríssimo também se mostrou cético sobre o fato de que a fertilização com CO2 teria um impacto marcante na resiliência da floresta, em comparação com o volume de chuvas e com o risco de fenômenos climáticos extremos.
Preparo para um futuro incerto – Ainda assim, David Lapola acredita que sua pesquisa possa contribuir para a elaboração de políticas ambientais. “Acho que isso é uma grande contribuição que o programa pode trazer. Reduzir muito as incertezas do que vai acontecer com a Amazônia e a partir disso, a gente bolar (sic) política de adaptação, começar a preparar as pessoas para esse futuro que vai chegar”, avalia.
A primeira fase do projeto monitorou a floresta antes da fertilização das áreas com CO2, avaliando também o impacto socioeconômico da degradação em comunidades da região.
Os resultados do experimento deverão então ajudar cientistas e políticos a entenderem melhor o que o futuro reserva ao imenso número de plantas e animais que vivem na Amazônia – incluindo 30 milhões de seres humanos. (Fonte: G1)
SEMINÁRIO REGIONAL DEBATEU SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS DOS PARQUES DE ENERGIA EÓLICA NO NORDESTE
Ecodebate, 27.09.2017
Fortes relatos de quem sente na pele todas as consequências da instalação dos parques eólicos nos seus territórios de origem e a certeza de não ser viável esse modelo de geração de energia, marcaram o Seminário sobre os impactos ambientais e sociais dos parques eólicos no Nordeste brasileiro. O evento reuniu de 22 a 24 de setembro deste ano, em Juazeiro – BA, cerca de 50 pessoas impactadas pela instalação destes parques, assessores, pesquisadores, estudantes, lideranças comunitárias e representantes de entidades de apoios a organizações e movimentos sociais dos estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará.
O evento teve o objetivo de garantir uma troca de experiências e de articular as comunidades que estão sendo ameaçadas por estes empreendimentos. A intenção é que estas se fortaleçam e agreguem mais força na resistência em torno do avanço de projetos de desenvolvimento nas comunidades rurais, ribeirinhas e litorâneas.
Reunidos por estado, os/as participantes socializaram quais os impactos que estão sofrendo e quais as experiências de resistências frente à entrada dos parques eólicos nos territórios dos povos tradicionais e originários por todo o Nordeste. “O território é sagrado”, diz um dos participantes sobre o pertencimento das pessoas com o seu local de socialização, produção econômica, social e cultural e também da sua relação com a natureza.
Um dos questionamentos levantado se refere, principalmente, a matriz energética brasileira que ignora os modos de vida, as desigualdades sociais e explora, em grande escala, os recursos naturais, sendo que ainda é chamada de energia limpa. Porém, para os/as atingidos/as e especialistas no assunto, estes modelos de geração de energia – que promovem uma lógica socioambiental injusta onde as empresas ganham e as populações e o meio ambiente perdem, gerando diversas consequências, muitas vezes, irreversíveis – não podem ser chamadas de limpa. “Muito se tem dito que esta é uma energia limpa, porém ela tem gerado sérios danos nas comunidades, que não são ditos, são invizibilizados. Impacta na existência das comunidades”, denuncia Nonato Filho, do Conselho Pastoral de Pescadores, do Ceará (CPP).
Entre os argumentos contrários aos parques eólicos estão os prejuízos ambientais, culturais e sociais para a sociedade. Desmatamento, grilagem, destruição de habitat de diversas espécies de animais nativos selvagens, mudança (brutas) nos modos de produção e vida das comunidades, cerceamento do direito de ir e vir dos povos no próprio território, populações expulsas das suas localidades, mudanças no vento, são alguns dos impactos sofridos pelas comunidades. “Não é só uma leitura do impacto ambiental e econômico, mas do ponto de vista da nossa existência”, argumenta Nonato sobre o evento. Ele explica ainda que a implementação da matriz energética brasileira também contribui para o empobrecimento das populações, “pois ela tem seu território fatiado e privatizado. Muda toda a relação com o território. Tem mais perca do que ganho. Essa energia é pra que e pra quem? Os mecanismos são muito sujos, inclusive de sangue”, afirma Nonato.
Marina Rocha, da Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro, esclarece que um evento como este também serve de alerta para que a sociedade entenda que estas comunidades não são as únicas afetadas por estes grandes projetos, mas toda a sociedade. “Quando a comunidade sai do seu território não está prejudicando só a sua comunidade, pois ela produz alimento [na terra] e ainda preserva a natureza, isso tem haver com a sociedade… uma comunidade sem território, não tem vida”, pontuou Marina.
Outro impacto desconhecido pela sociedade é a destruição das nascentes. Com a instalação dos parques nas serras, o desmatamento e a devastação da Caatinga no entorno das torres, as nascentes desapareceram, gerando um desequilíbrio ambiental. Para Rizoneide Gomes, do CPP, a sociedade no geral não conhece esses impactos e o desafio é levar estas informações e conscientizar toda a sociedade de que “esse tipo de energia é como os outros, concentrado nas mãos de pequenos grupos”, avalia.
Realidades alteradas
O que também inquieta as comunidades é a facilidade que estas empresas tem em acessar a documentação de terras que pretendem ocupar, que são, na maioria das vezes, originárias de grilagem. Portanto, as comunidades estão vivenciando, além dos conflitos ambientais, os conflitos jurídicos. Nonato argumenta que na cartografia apresentada por estas empresas, as comunidades são invisibilizadas, desconsideradas como pertencentes ao local.
Elencaram também que um grave problema é o encantamento existente por conta das promessas das empresas ao afirmar que o empreendimento na comunidade iria gerar renda local e melhorar a qualidade de vida. O que nunca aconteceu na comunidade de Dona Maria Nazaré dos Santos, Canavieira, em Aaracati – CE, que tem um parque eólico em toda a sua extensão. Ela diz, que dos nove filhos que tem, nenhum deles teve sua renda gerada a partir da instalação dos parques. A comunitária também citou diversos transtornos e desconfortos provocados pelo fluxo intenso de caçambas atravessando a comunidade, principalmente, no período da implantação das torres.
Mas o que mais impactou a vida das famílias da comunidade de Canavieira foi a retirada do direito de ir e vir da população local pelo seu próprio território e também a negação do acesso aos locais de lazer comunitário, como a região das dunas e a lagoa. “Melhor que ela [empresa de eólica] não existisse, para nós era bem melhor, pois só assim a gente teria o nosso território livre, para ir e vir a hora que a gente quisesse, hoje ninguém pode”, desabafa Maria.
Na avaliação de todos/as, os impactos apresentados pelos participantes foram diversos e se ampliavam na medida que se tinha uma visão minuciosa da instalação dos parques por todo o Nordeste. Do litoral ao sertão, os problemas decorrentes destes grandes empreendimentos só avançam. No litoral do Ceará houve aterramento de lagoas, uso em excesso da água, privatização da terra, aumento do custo de vida da comunidade, a ilusão de compensação, impacto da estrutura das habitações populares. “Se fosse tão bom [o parque], não teria tanta coisa escondida que a comunidade não precisa saber”, comenta uma das participantes, que prefere não se identificar.
No interior do Estado da Bahia, no território Sertão do São Francisco, seu Antônio Santos, que é de comunidade de Fundo de pasto, relata que a economia local das famílias oriunda da criação de caprinos e ovinos tem sido afetada com a chegada dos parques, que está na fase de avaliação e teste. “Proibição da gente transitar na área dos parques eólicos, onde criadores criavam sem problemas, onde tinham aguadas e foram ‘secadas’ devido ao parque eólico”. Ele faz um apelo aos poderes públicos no tocante a entender que o modo de vida desta família é no campo: “observem a nossa Convivência com o Semiárido porque nenhum de nós, que vive no Fundo de Pasto, tem condições de viver na cidade sem emprego”, apela seu Antônio, que é dos que foram atingidos pela construção da barragem de Sobradinho.
Uma realidade contada também é com a desigualdade na negociação da implantação do parque, de um lado quem tem o poder com seus interesses privados, favorecimento político e domínio do conhecimento e do outro as famílias que terão seus territórios desmatados, cortados. A primeira vai ganhar e a segunda vai perder, avaliam os/as participantes.
Neste cenário de expansão dos parques eólicos, a perspectiva de uma matriz energética é a da apropriação dos recursos naturais para a geração do lucro, passando por cima da dinâmica social e existência das comunidades. O Seminário foi organizado pela CPT – BA, CPP Nordeste, Irpaa, Instituto Terra Mar – CE e contou com o apoio da Cese.
FERTILIZANTE INTELIGENTE ADUBA PLANTAS POR MESES
Site Inovação Tecnológica, 26.09.2017
O mecanismo de liberação continuada do princípio ativo também poderá ser usado em aplicações biomédicas. [Imagem: SibFU]
Adubação com inteligência
Pesquisadores russos desenvolveram o que eles chamam de "adubo inteligente".
O material é resultado da combinação de fertilizantes tradicionais com um polímero biodegradável, o que permite retardar o processo de decomposição e de liberação dos nutrientes no solo.
Como resultado o uso dos fertilizantes foi otimizado, com uma maior produção na lavoura, e foram reduzidas as pressões sobre o meio ambiente, uma vez que o excesso de fertilizantes tem-se transformado em uma das principais fontes de poluição na zona rural, sobretudo nas áreas de manancial.
Os materiais biodegradáveis decompõem-se sob a influência da microflora do solo da lavoura, gerando produtos inócuos. E, com a liberação gradual do princípio ativo no solo, as plantas aproveitaram melhor os nutrientes.
Fertilizante inteligente
Para criar o material de decaimento lento, a equipe partiu de um polímero biodegradável, chamado poli-3-hidroxibutirato, ao qual foram adicionadas farinha de madeira e nitrato de amônia. A massa resultante foi colocada sob pressão para formar pastilhas e utilizada nos experimentos em uma lavoura de trigo.
A equipe testou várias opções para aplicação do fertilizante e comparou o rendimento da pastilha com a aplicação dos componentes individualmente e com uma lavoura de referência, sem fertilizantes.
Os melhores resultados foram obtidos quando o fertilizante inteligente foi embalado em uma proteção dupla, com o núcleo da pastilha envolvido - além da farinha de madeira - por uma película adicional de polímero. Neste caso, devido à lenta decomposição do filme, o adubo foi fornecido ao solo com uma taxa relativamente estável ao longo de dois meses.
Agora a equipe planeja estender os testes para confirmar que o mesmo princípio pode ser usado em aplicações biomédicas, como a liberação controlada de medicamentos.
"Desenvolvemos e implementamos a tecnologia para a síntese de poliésteres biodegradáveis de origem microbiológica, [que se mostraram] eficazes como material para produtos para aplicações biomédicas, e também exploramos padrões de sua decomposição no solo e em outros ambientes," contou a professora Tatiana Volova, da Universidade Federal da Sibéria.
Bibliografia:
Constructing Slow-Release Formulations of Ammonium Nitrate Fertilizer Based on Degradable Poly(3-hydroxybutyrate)
Anatoly Nikolayevich Boyandin, Eugenia Andreevna Kazantseva, Daria Eugenievna Varygina, Tatiana Grigorievna Volova
Journal of Agricultural and Food Chemistry
Vol.: 65 (32), pp 6745-6752
DOI: 10.1021/acs.jafc.7b01217
DESCOBERTA DE PONTO FRACO DOS VÍRUS PODE VIABILIZAR VACINAS CONTRA DOENÇAS GLOBAIS
Diário da Saúde, 26.09.2017
"A proteína helicase NS3 pode ser a chave para desbloquear a defesa de vírus letais que afetam tantas pessoas ao redor do mundo."
[Imagem: Mohammed M. Naiyer et al. - 10.1126/sciimmunol.aal5296]
Ponto fraco dos virus
Uma equipe da Universidade de Southampton (Reino Unido) fez uma descoberta significativa nos esforços para desenvolver uma vacina contra zika, dengue, hepatite C e outras doenças causadas por vírus ou, até mesmo, contra o câncer.
Mohammed Naiyer e seus colegas demonstraram que as chamadas "células assassinas" naturais, que são uma parte fundamental do nosso sistema imunológico e encarregadas de matar invasores, podem reconhecer muitos vírus diferentes, incluindo agentes patogênicos como vírus zika, dengue e hepatite C, através de um único receptor chamado KIR2DS2. Isto pode mudar a forma como os vírus são alvejados pelas vacinas.
Células matadoras contra os vírus
As vacinas funcionam estimulando a resposta imunológica ao revestimento de proteínas dos vírus, permitindo ao corpo combater o vírus e reconhecê-lo no futuro. No entanto, os vírus são capazes de mudar seus revestimentos de proteínas, o que os ajuda a fugir dos anticorpos, fazendo com que alguns vírus sejam muito difíceis de serem alvejados por vacinas.
O receptor das células matadoras agora descoberto é capaz de atingir uma parte não-variável do vírus, chamada proteína NS3 helicase, que é essencial para que o vírus funcione corretamente. Ao contrário de outras proteínas, a helicase NS3 não muda, o que permite que o sistema imunológico a agarre e deixe que as células matadores façam sua parte para eliminar a ameaça.
"A proteína helicase NS3 pode ser a chave para desbloquear a defesa de vírus letais que afetam tantas pessoas ao redor do mundo. É muito emocionante descobrir que outros vírus semelhantes à hepatite C, como o vírus zika, o vírus da dengue, o vírus da febre amarela, vírus da encefalite japonesa e, na verdade, todos os flavivírus, contêm uma região dentro das proteínas NS3 helicase que é reconhecida exatamente pelo mesmo receptor KIR2DS2. Acreditamos que, atingindo essa região da helicase NS3, poderemos produzir um novo tipo de vacina com base em células assassinas naturais, que poderão ser usadas para ajudar a proteger as pessoas," disse professor Salim Khakoo, coordenador da equipe.
Estratégia contra o cancer
É importante ressaltar que a pesquisa ainda está em estágio inicial, sendo a seguir necessário realizar estudos em animais e, posteriormente, ensaios clínicos em humanos, para testar a descoberta.
Os pesquisadores querem agora confirmar que essas células KIR2DS2 são protetoras durante infecções agudas por flavivírus e esperam desenvolver uma vacina que aponte para as células assassinas naturais.
A equipe acredita que, se funcionar, um processo semelhante poderá ser usado para atingir o câncer.
"Os tratamentos de câncer que usam o próprio sistema imunológico do corpo [imunoterapias] estão se tornando mais comuns. Nossos resultados apresentam uma estratégia completamente nova para a terapêutica viral que pode ser facilmente traduzida para o câncer. Os próximos anos serão muito emocionantes nesta área," disse o professor Khakoo.
Os resultados foram publicados na revista Science Immunology.
EXPANSÃO DA ACELERAÇÃO DO UNIVERSO SOFRE NOVO REVÉS
Site Inovação Tecnológica, 29.09.2017
O modelo que dá sustentação à expansão do Universo não leva em conta as características básicas do Universo real.[Imagem: Andrew Pontzen/Fabio Governato]
Expansão das críticas
A expansão acelerada do Universo pode não ser real, podendo ser apenas um efeito aparente.
Isto é o que defende uma nova pesquisa feita por um grupo da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, e que vem dar corpo a uma tendência crescente na comunidade científica de questionar a aceleração da expansão do Universo.
Embora a aceleração da expansão do Universo tenha si do premiada com o Nobel de Física em 2011, nessa época já surgiam as primeiras dúvidas, que foram reforçadas conforme se descobriu que o elemento crucial usado nas medições, as chamadas supernovas tipo Ia, não eram todas iguais.
Lawrence Dam e seus colegas constataram agora que as supernovas tipo Ia se encaixam perfeitamente em um modelo de Universo que dispensa a energia escura - na verdade, o modelo é ligeiramente melhor quanto à forma como as supernovas se ajustam ao modelo padrão com energia escura.
A propósito, a energia escura, que hoje se assume como respondendo por aproximadamente 70% do conteúdo material do Universo, é essencialmente um nome colocado para segurar o lugar enquanto não se descobre a física desconhecida que explicaria as primeiras observações das supernovas.
Todos os esforços para observação da Energia Escura até agora foram em vão. [Imagem: Reidar Hahn/DES]
Universo vazio
Os modelos atuais do Universo exigem este termo "energia escura" para preencher o lugar da causa da aceleração observada na taxa em que o Universo estaria se expandindo. Os cientistas baseiam essa conclusão em medições das distâncias das explosões de supernovas, que parecem estar mais distantes do que deveriam estar se a expansão do Universo não estivesse se acelerando.
No entanto, a significância estatística dessa assinatura de aceleração cósmica tem sido cada vez mais questionada nos últimos anos. O debate tem essencialmente contraposto o modelo cosmológico mais aceito, conhecido como CDM (Lambda Cold Dark Matter), contra o modelo de um Universo vazio cuja expansão não acelera nem desacelera. Os dois modelos assumem uma lei simplificada de expansão cósmica que já dura 100 anos, baseada nas equações da chamada Lei de Friedmann (Alexander Friedmann, 1888-1925).
A equação de Friedmann assume uma expansão idêntica à de uma "sopa" sem qualquer característica e sem qualquer estrutura complicadora. No entanto, o Universo presente contém uma rede cósmica complexa de aglomerados de galáxias em folhas e filamentos envolvendo vastos vazios - a chamada teia cósmica.
"O debate passado perdeu um ponto essencial: Se a energia escura não existe, então uma alternativa provável é que a lei de expansão média não siga a equação de Friedmann," explicou o professor David Wiltshire, membro da equipe.
Há cosmologistas que vão ainda mais longe, defendendo que o Universo não está nem mesmo se expandindo, menos ainda se acelerando. [Imagem: NASA/CXC/CfA/P. Slane et al.]
Cosmologia do horizonte temporal
Para levar em conta que o Universo está longe de ser insosso, a equipe comparou o modelo cosmológico padrão (CDM) não com um universo vazio, mas com um modelo chamado de "cosmologia do horizonte temporal".
Esse modelo não tem energia escura. Em vez disso, os relógios carregados por observadores em diferentes galáxias diferem do relógio que melhor descreve a expansão média, uma vez que a "granulosidade" da estrutura do Universo se torna significativa. Se um pesquisador vai inferir ou não a existência de uma aceleração da expansão do Universo vai depender crucialmente de qual relógio ele está usando.
A equipe demonstrou que a cosmologia do horizonte temporal explica ligeiramente melhor o maior catálogo de dados de supernovas do que a cosmologia padrão mais aceita.
Infelizmente, as evidências estatísticas ainda não são suficientemente fortes para descartar definitivamente um modelo ou outro, mas futuras missões de observação, como a sonda espacial Euclid, da Agência Espacial Europeia, terão capacidade para distinguir entre a cosmologia padrão e outros modelos, e ajudar os cientistas a decidir se a energia escura precisa continuar segurando o lugar para alguma nova física, ou se sequer há lugar para ser segurado.
Além de demonstrações desse tipo, envolvendo as supernovas, outros pesquisadores questionam o modelo da energia escura contrapondo a mecânica quântica com a relatividade geral ou usando os dados da radiação cósmica de fundo:
Bibliografia:
Apparent cosmic acceleration from Type Ia supernovae
Lawrence H. Dam, Asta Heinesen, David L. Wiltshire
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Vol.: 472 (1): 835
DOI: 10.1093/mnras/stx1858
ELON MUSK SAYS HIS NEXT SPACESHIP WILL NOT ONLY TAKE YOU TO THE MOON AND MARS, BUT FROM NY TO LONDON IN 29 MINUTES
Christian Davenport*, The Washington Post, 29.09.2013
SpaceX CEO Elon Musk plans on sending humans to Mars by 2024, more than a decade before NASA's plans. Musk also claims the new rocket may be repurposed for Earth travel.
For years, Elon Musk has been focused on building a colony on Mars. That's why he founded SpaceX in 2002, and it’s been the driving force behind the company ever since.
But during a speech in Adelaide, Australia, on Friday morning, Musk said he has dramatically expanded his already-outsize ambitions. In addition to helping create a city on the Red Planet, he said the next rocket he intends to build could be used to establish a base camp on the moon — and fly people across the globe.
“It’s 2017, we should have a lunar base by now,” he said during a 40-minute speech at the International Astronautical Congress. “What the hell has been going on?”
The Switch newsletter
In a surprise twist, he also said his planned massive rocket and spaceship, which would have more pressurized passenger space than an Airbus A380 airplane, could fly passengers anywhere on Earth in less than an hour. Traveling at a maximum speed of nearly 17,000 mph, a trip from New York to Shanghai, for example, would take 39 minutes, he said. New York to London could be done in 29 minutes.
“If we’re building this thing to go to the moon and Mars, why not go other places as well?” he said.
The speech was billed as an update to one he gave a year ago, in which he provided details for how SpaceX would attempt to make humanity a “multi-planet species.”
At the speech a year ago, Musk unveiled a behemoth of a rocket that was so ambitious and mind-bogglingly large that critics said it was detached from reality. Now, he and his team at SpaceX have done some editing, and Musk presented a revised plan early Friday to build a massive, but more reasonably sized, rocket that he calls the BFR, or Big [expletive] Rocket. “I think we’ve figured out how to pay for it, this is very important,” he said.
Elon Musk posted a video showcasing SpaceX rocket explosions, and the reason behind each explosion. (SpaceX)
The new fully reusable system includes a booster stage and a spaceship capable of carrying 100 people or so. It would be capable of flying astronauts and cargo on an array of missions, from across the globe, to the International Space Station in low Earth orbit and to the moon and Mars in deep space. It would also be capable of launching satellites, he said, while effectively replacing all of the rockets and spacecraft SpaceX currently uses or is developing, making them redundant.
That would allow the company to put all of its resources into development of the BFR, he said.
An artist’s rendering of Moon Base Alpha. (SpaceX)
Earlier this year, Musk announced that SpaceX would fly two private citizens in a trip around the moon by late next year. And he hinted at the moon base during a conference in July.
“If you want to get the public really fired up, I think we’ve got to have a base on the moon. That’d be pretty cool. And then going beyond there and getting people to Mars,” he said. “That’s the continuance of the dream of Apollo that I think people are really looking for.”
It also could be a good business move. Jim Bridenstine, the Trump administration's nominee for NASA administrator, has advocated a return to the moon, writing in a blog post last year that “from the discovery of water ice on the moon until this day, the American objective should have been a permanent outpost of rovers and machines, with occasional manned missions for science and maintenance.”
NASA is poised to ask the private sector for proposals to develop a lunar lander that could take experiments and cargo to the moon's surface, with flights starting as early as 2018. And Jeffrey P. Bezos' Blue Origin has already pitched NASA on a plan to fly a lander there by 2020. (Bezos owns The Washington Post.)
“I think Elon was worried that he was leaving a huge market wide open for Jeff Bezos,” said Charles Miller, the president of NextGen Space, a consulting company. “Competition is wonderful.”
But Friday morning Musk made it clear that Mars is still the ultimate goal. During his talk, a chart showed that SpaceX planned to fly two cargo missions to Mars by 2022, a very ambitious timeline.
“That’s not a typo,” he said, but allowed: “It is aspirational.”
By 2024, he said, the company could fly four more ships to Mars, two with human passengers and two more cargo-only ships.
An artist’s rendering of SpaceX's Mars City. (SpaceX)
SpaceX has upended the space industry, and Musk, with his celebrity, bravado and business acumen, has reignited interest in space. The company, which has won more than $4 billion in contracts from NASA, was the first commercial venture to send a spacecraft to the International Space Station; previously it had been done only by governments. It currently delivers cargo there, and is also under contract from NASA to ferry astronauts, which could happen as early as next year.
But despite all its triumphs, the company still hasn’t flown a single human to space, not even to low Earth orbit, let alone Mars, which on average is 140 million miles from Earth (though the planets come to within 35 million miles of each other every 26 months).
The travel between cities on Earth would also face substantial hurdles. In addition to the technological challenges, there would have to be regulatory approval from the Federal Aviation Administration.
Musk’s speech comes two days after NASA announced it had signed an agreement with Roscosmos, the Russian space agency, to study exploration in the vicinity of the moon under a plan called the “Deep Space Gateway” that could, eventually, lead to a habitat near the moon.
Separately, Lockheed Martin unveiled a plan for deep space exploration Thursday, updating its “Mars Base Camp” system, a massive orbiting laboratory. Now the company says it could also build a lander capable of touching down on Mars or the moon. The company said it could launch within a decade in conjunction with NASA.
“The big news in space this week were announcements by private sector companies,” said Bobby Braun, the dean of the College of Engineering and Applied Science at the University of Colorado in Boulder. “It really goes to show how much the space sector has advanced in just the last few years. While the timeline and capabilities are certainly ambitious, I'm bullish on U.S. industry's ability to carry out challenging and far-reaching goals.”
* Christian Davenport covers the defense and space industries for The Post's Financial desk. He joined The Post in 2000 and has served as an editor on the Metro desk and as a reporter covering military affairs. He is the author of "As You Were: To War and Back with the Black Hawk Battalion of the Virginia National Guard." Follow @wapodavenport
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José Antônio Aleixo da Silva (Editor)Professor titular da UFRPE e Conselheiro da SBPC.
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